Informe n.º 630


Excluídos ocupam ruas, praças e aldeias. E gritam

A participação indígena no Grito dos Excluídos de 2004 trouxe à tona a questão da presença dos povos em áreas urbanas do País. Em Campo Grande, MS, o Grito reuniu 700 pessoas na aldeia Água Bonita, localizada na periferia da capital. Em Manaus, AM, onde, segundo o IBGE, vivem cerca de 18.000 indígenas, as falas dos povos durante o Grito chamaram atenção para a sua presença na cidade e para os desafios e dificuldades gerados por esta realidade.

O Grito acontece há 10 anos em 7 de setembro, mesmo dia em que as comemorações oficiais celebram a independência do País, e tem se consolidado como espaço de exposição dos movimentos sociais.

Em Campo Grande, a mobilização foi feita na aldeia urbana para trazer destaque ao problema dos indígenas que moram nas cidades, em áreas pequenas, sem escolas próprias e sem assistência à saúde. Na Aldeia Água Bonita, 62 famílias indígenas, que já vivem em um espaço pequeno, estão sendo encurraladas pelo poder público. O local será usado para a construção de casas populares. Na cidade de Campo Grande, existem cinco aldeias, com presença dos povos Guarani, Terena, Kaiowá, Guató e Kadiwéu, entre outros.

Em Manaus, o Grito foi iniciado com um ritual do povo Tukano. Houve também apresentações de crianças Inhambé e de estudantes Saterê-Mawé. Pela manhã, a Associação de Mulheres do Alto Rio Negro, mulheres Tikuna e Saterê-Mawé participaram da Feira Popular e Solidária e, à tarde, tiveram forte participação na caminhada.

No Recife, capital de Pernambuco, os indígenas, mulheres e negros foram protagonistas de três fortes momentos de mística durante a caminhada que reuniu 10.000 pessoas entre a avenida João de Barros e a praça Nossa Senhora do Carmo, tradicional palco das manifestações populares da cidade.

Em volta da bandeira brasileira, os povos Xukuru e Kambiwá entoaram cantos e dançaram o toré. Depois, diante do prédio do Tribunal de Justiça, participaram da lavagem das escadarias do palácio, em um ato emblemático sobre a necessidade de isenção e transparência do judiciário. Decência foi uma palavra repetida pelos presentes. Na Praça Nossa Senhora do Carmo, o Frei Aloísio Fragoso encerrou o Grito exortando a participação popular e exigindo mudanças verdadeiras no processo político do país. Em São Paulo, SP, os Guarani apresentaram canções tradicionais e carregaram uma faixa durante a caminhada de uma hora e meia que foi da Praça da Sé, no Centro, até o monumento do Ipiranga.

Em Belo Horizonte, MG, a caminhada começou na praça da Liberdade e reuniu cerca de 7.000 pessoas. Participaram da mobilização representantes do povo Pataxó de Minas Gerais, que caminharam ao lado de outros participantes da Via Campesina, carregando faixas. Neste ano, a mobilização também encerrou o 3º Fórum Social Mineiro, realizado entre os dias 3 a 6 de setembro como preparação ao Fórum Social Mundial.

Segundo a Cáritas, cerca de 1 milhão de pessoas ocuparam as ruas de cidades brasileiras. Organizado em mais de 1800 localidades e em todos os estados do país, o Grito já faz parte do calendário das mobilizações sociais e tem cumprido sua função de dar visibilidade – nas ruas e nos meios de comunicação – às lutas sociais que se travam no país, tantas vezes em silêncio.

Povo Pipipâ, de pernambuco, retoma suas terras

Durante a semana de 1o a 4 de setembro, os Pipipã, povo que vive na região do semi-árido pernambucano, retomaram a fazenda Fonseca, de 3.600 hectares, localizada no município de Floresta.

O povo Pipipã é formado por cerca de 2200 indígenas. 60 famílias estão presentes na retomada, que foi organizada para exigir da Fundação Nacional do Índio (Funai) o início do processo de demarcação.

Segundo o Cimi Nordeste, desde o reconhecimento do povo Pipipã, há quatro anos, a Funai vem dizendo aos índios que o Grupo de Trabalho para identificação da terra será constituído.

Brasília, 2 setembro de 2004.
Cimi – Conselho Indigenista Missionário


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