Informe n.º 614


índios Potiguara ocupam sede da Funai em João Pessoa

Cerca de 200 Potiguara ocuparam, segunda-feira (17), a sede da Fundação Nacional do índio (Funai), em João Pessoa, na Paraíba, para cobrar a publicação do relatório de identificação e delimitação da terra indígena Monte-Mor.

Os Potiguara ocuparam o órgão após a decisão do juiz Sérgio Murilo Wanderley que concedeu uma liminar de reintegração de posse è usina Japungu que tem plantação de cana de açúcar dentro da terra.

Segundo José Ciriaco Potiguara, vereador no município de Baía da Traição, conhecido como “Capitão”, o presidente da Funai, Mércio Gomes já assinou o relatório, que ainda não foi publicado no Diário Oficial. “Só vamos desocupar a Funai depois que a gente receber uma cópia da publicação do relatório”, afirma o vereador.

Na avaliação de Capitão os fatores que impedem publicação do relatório são políticos, “o problema político de atender os interesses dos plantadores de cana de açúcar é o que atrasa a publicação do relatório”.

Através de uma nota assinada em conjunto pelo Sindicato dos Trabalhadores em Ensino Superior do Estado da Paraíba, Associação dos Docentes e o Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal da Paraíba, estudantes e educadores declaram apoio ao protesto dos Potiguara. “Fazemos coro è voz da Nação Potiguara no intuito de solicitar não apenas a publicação do relatório da Funai como de apoiar a luta histórica dos índios paraibanos no sentido de garantir a essas famílias o direito è terra, è moradia e ao cultivo agrícola”, declaram na nota em apoio os representantes das entidades.

No ano passado, como parte do processo de retomada de suas terras, 30 famílias ocuparam 100 hectares após uma tentativa dos usineiros de destruir as plantações dos índios.

A terra indígena Monte-Mor tem 7300 hectares, destes, apenas 450 estão em posse dos índios.

Em memória de um grande líder

No dia 20 de maio de 1998, na cidade de Pesqueira, em Pernambuco, por volta das 9 horas da manhã, Xicão, cacique e pai do povo Xukuru, era brutalmente assassinado com seis tiros. Hoje, exatamente, seis anos depois, o povo Xukuru realiza um ato público em memória do cacique guerreiro.

Como acontece todo ano, após a assembléia do povo, os Xukuru reúnem-se na Aldeia Pedra D’ água, na Serra do Ororubá, onde o cacique está enterrado, para a realização de uma cerimônia religiosa em memória de Xicão e de todos que morreram na luta pela terra.

Uma caminhada pelas ruas da cidade de Pesqueira faz parte da programação. Como de costume, em frente ao local onde Xicão foi assassinado será realizado um ato público na presença de lideranças indígenas, religiosos e representantes da sociedade civil organizada que apóiam a causa.

A Assembléia - em sua IV Assembléia iniciada na última segunda-feira, dia 17 de maio, os Xukuru contaram com a participação de lideranças de povos vindos de outros estados Myky e Irantxe (Mato Grosso), Karajá, Xerente, Apinajé e Krahô-Kanela (Tocantins), Tumbalalá, Tuxá e Kambiwá (Bahia).

Durante quatro dias, cerca de 600 lideranças indígenas discutiram o projeto de futuro para o povo Xukuru e manifestaram solidariedade a todos os povos indígenas do Brasil, em especial aos povos da Raposa Serra do Sol e aos Cinta Larga, que hoje vivem em situação de forte ameaça de interesses econômicos sobre suas terras.

Brasília, 20 de maio de 2004
Cimi - Conselho Indigenista Missionário




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