Informe n.º 574


Seminário nacional: Os problemas brasileiros e perspectivas (terra, meio ambiente, economia e política)

A grave situação de tensão no campo gerada pela ofensiva dos grandes latifundiários tem colocado em estado de alerta os movimentos populares de luta pela terra.

Ao mesmo tempo em que a imprensa divulga latifundiários organizados em milícias armadas para combater as ocupações de trabalhadores rurais, 18 índios foram assassinados nos seis primeiros meses deste ano por motivo de conflito de terra.

Neste triste contexto de violência, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e o Fórum Nacional pela Reforma Agrária e Justiça no Campo promovem o seminário nacional "Os Problemas Brasileiros e Perspectivas", quando serão debatidos os temas terra, meio ambiente, economia e política.

A apresentação do seminário será feita pelo Procurador Geral da República, Cláudio Fonteles, e contará com a palestra do professor Chico de Oliveira.

Em seguida, estarão presentes à mesa para debater: Paulo Machado Guimarães, Secretário da OAB-DF e assessor jurídico do Cimi, Antônio Canuto, da Comissão Pastoral da Terra, Ezídio Brunetto, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, Ella Wieko, Coordenadora da 6a. Câmara do Ministério Público Federal, Agnaldo Pataxó Hã-Hã-Hãe, vereador indígena pelo Partido dos Trabalhadores e Manoel José dos Santos, da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura.

Para Gilberto Portes de Oliveira, do Fórum Nacional pela Reforma Agrária, "é preciso que os latifundiários respeitem os direitos indígenas de demarcação das áreas e do uso devido da terra, abrindo espaço para reforma agrária". Concordando com Portes, Egon Heck, Secretário Executivo do Cimi, afirma que "inspirados na relação indígena com terra -- onde terra não é concebida como propriedade - e no Evangelho -- que indica a convivência entre os homens baseada na igualdade e fraternidade -- devemos unir nossas forças para lutar por justiça para os oprimidos".

O seminário acontece na próxima terça-feira, 5 de agosto, no Auditório da Procuradoria Geral da República, em Brasília, a partir das 8h30. Uma coletiva com a imprensa está prevista para o final do seminário às 15h 30.

Povos Indígenas: continuidade ou ruptura?

Essa interrogação inquietante soou forte nos corredores da Pontifícia Universidade Católica (PUC) na Conferência sobre o Cristianismo na América Latina e Caribe, no último dia 30 de julho. A Conferência acontece até o dia 1º de agosto, em São Paulo.

O Cimi participou do encontro, com a coordenação do Secretário Executivo da entidade, Egon Heck, com a exposição do assessor teológico do Cimi, Paulo Suess, que falou sobre "Ruptura e continuidade: memórias, cenários, apontamentos e compromissos para a construção de sociedades igualitárias e livres a partir dos povos indígenas". Em sua fala, pontuou a heróica resistência dos projetos indígenas no continente, que, apesar de todo o extermínio e condenação, estão vivos, questionando a continuidade do sistema colonial, hoje travestido no neoliberalismo. Propondo, a partir de sua lógica, valores e experiências milenares, mudanças profundas e rupturas com esse sistema opressor e discriminador colonial. "Nosso campo próprio é produzir ruptura e imagens de esperança. Devemos ser sinais de justiça. Devemos fortalecer a lógica indígena de dar, receber e redistribuir. A partir do Evangelho podemos dar o passo da gratuidade e com isso romper com a lógica da acumulação", disse.

Participam da conferência mais de 800 pessoas. Dentre elas, vale destacar a presença de Dom Samuel Ruiz, ex-bispo de Chiapas, México, notável e corajoso lutador, que soube acolher e dar asas ao grito rebelde dos povos indígenas, esmagados pela exploração secular. Com a bênção desde São Cristóbal de Las Casas, irradiou-se o movimento Zapatista, questionando o modelo capitalista opressor e convocando os oprimidos do México e do mundo para pensar novas relações democráticas, justas e igualitárias entre os povos, culturas e nações. Estiveram presentes também sacerdotes, agentes pastorais e representantes de vários países das Américas e da Europa. Dentre eles, D. Pedro Casaldáliga, D. Tomás Balduino, D. Samuel Ruiz, Diego Ararrazaval, Oscar Beozzo e Elza Tamez.

Brasília, 31 de julho de 2003.
Cimi - Conselho Indigenista Missionário




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