Informe n.º 548


Entidade alemã concede prêmio a índios de Roraima

Em reconhecimento aos 30 anos de luta pela demarcação de seu território tradicional, enfrentando a violência de fazendeiros, garimpeiros, Exército brasileiro e o preconceito disseminado pela classe política do seu estado, o CIR - Conselho Indígena de Roraima recebeu mais um importante prêmio.

A Organização Não-Governamental alemã "Pro Regenwald", com sede em Munique, concedeu o prêmio Resistência à entidade, entregue ao cacique Jaci José de Souza, coordenador do CIR, no encerramento do Fórum Social Mundial, em Porto Alegre (RS), no dia 27/01, no prédio da Pontifícia Universidade Católica, PUC. Segundo o representante da Pro Regenwald, Lásslò Maráz, a entidade apóia os índios de Roraima há aproximadamente 10 anos e ultimamente vem desenvolvendo uma campanha pela Internet de apoio aos índios Macuxi, Wapixana, Ingaricó, Taurepang, Patamona e outros habitantes da terra indígena Raposa/Serra do Sol. "Esperamos que o presidente do Brasil assine dentro de pouco tempo o decreto de homologação da terra indígena Raposa/Serra do Sol. Esse prêmio é justamente para dar um exemplo a todos os outros povos, que não parem com a luta, ainda que as coisas andem mal" destacou.

A terra indígena Raposa/Serra do Sol fica ao norte do estado de Roraima, com uma extensão de aproximadamente 1,7 milhão de hectares, habitada por cerca de 14 mil indígenas. Nos últimos 30 anos, aconteceram vários conflitos onde dezenas de lideranças foram assassinadas. O caso mais recente foi do Macuxi Aldo da Silva Mota, no dia 2 de janeiro passado.

"O CIR não desistiu nunca da luta conduzida em circunstâncias difíceis e, apesar de várias derrotas, deu a todos os oprimidos um exemplo e a esperança de nunca deixar de lutar", disse Lásslò Maráz. O tuxaua Jaci José de Souza, da aldeia Maturuca, considera esta iniciativa da entidade alemã um grande gesto de solidariedade. "Isto nos enche ainda mais de coragem, pois há pessoas no Brasil e em outros países que nos reconhecem e reconhecem nossos direitos. Isto ainda será aprendido pelos políticos de Roraima e por todos aqueles que acreditam nas idéias divulgadas por grupos interessados em tomar o controle das nossas terras", disse.

No ato da entrega do prêmio, estavam presentes lideranças de 32 povos indígenas de todo o Brasil, participantes do Terceiro Fórum Social Mundial nas oficinas promovidas pela Comissão Pós-Conferência e CIMI - Conselho Indigenista Missionário.


Indígenas realizarão assembléia nacional em abril

A Comissão Pós-Conferência promoverá entre os dias 6 a 12 do mês de abril, uma assembléia nacional em Brasília para a qual espera a participação de 1.500 representantes dos povos indígenas de todo o Brasil. A decisão é resultado das discussões no Terceiro Fórum Social Mundial (FSM) realizado de 23 a 27 deste mês na cidade de Porto Alegre (RS).

As lideranças já definiram os temas a serem abordados na assembléia. O ponto principal será a criação do Conselho de Política Indigenista com sugestões para as áreas de saúde, educação e auto-sustentação. Também estará em pauta o Estatuto dos Povos Indígenas - para o qual esperam chegar a uma proposta consensual &ndash, a criação de um parlamento indígena e o reconhecimento dos índios ressurgidos.

As conclusões serão encaminhadas ao Governo Federal para que sejam incorporadas e implementadas. Os líderes indígenas querem também ação imediata e efetiva para o fim da violência que só nos primeiros dias deste ano já causaram a morte de três índios.

Brasília, 30 de Janeiro de 2003.
Cimi - Conselho Indigenista Missionário




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