Informe n.º 530 |
Os índios Pataxó da aldeia Pequi, no sul da Bahia, foram expulsos de seu território por pistoleiros armados na madrugada do último dia 15. Sob forte tiroteio, destruição de suas moradias e agressões físicas, as 30 famílias foram obrigadas a fugir da aldeia e seis índios foram presos por policiais do município de Prado.
Os Pataxó acusam o fazendeiro Normando de Carvalho de ser o responsável pelas agressões. Além disso, os indígenas suspeitam do envolvimento de policiais civis e militares no caso. Dos seis índios detidos somente Euviro Pereira dos Santos foi libertado até o momento. Com visíveis sinais de tortura, Euviro foi solto, no dia 17, por ser cardíaco e ter idade avançada.
Em comunicado emitido no dia 16, Joel Braz Pataxó, coordenador da Frente de Resistência e Luta Pataxó, expressou a indignação dos indígenas com a situação e a falta de providências por parte das autoridades: "Não podemos aceitar que nosso povo seja agredido e preso por lutar pela nossa terra. Não podemos aceitar que os invasores do nosso território continuem violentando os nossos direitos, sem que as autoridades brasileiras tomem providências para evitar o nosso sofrimento".
Depois deste comunicado Joel tem recebido inúmeras ameaças de morte. Uma das ameaças partiu do fazendeiro Mauro Rossano e foi presenciada por três testemunhas, incluindo Paulo Eunápolis, funcionário da FUNAI. A Polícia Federal e a Procuradoria da República em Ilhéus chegaram hoje ao local para investigar o caso. Desde a expulsão, ocorrida no dia 15, os indígenas ainda estão impedidos de voltar para sua área.
Faleceu nesta madrugada, dia 19 de setembro, D. José Gomes, bispo emérito de Chapecó e ex-presidente do Cimi, de 1979 a 1983. Em nota divulgada, a Diretoria do Cimi expressou sua solidariedade e reconhecimento à incansável luta de Dom José Gomes ao lado dos povos indígenas. Zé Gomes, como carinhosamente era chamado, marcou o trabalho do Cimi pela sua transparência pessoal, firmeza e fidelidade ao Evangelho na luta pelos direitos dos povos indígenas, nem sempre compreendida pelas autoridades. Em 1980 participou do grande encontro dos povos indígenas com o papa João Paulo II, em Manaus.
De modo muito especial, Dom José Gomes esteve sempre ao lado dos Guarani e Kaingang, presentes em sua Diocese e em toda a região sul do país, na luta pelos seus direitos e pela sua dignidade. Neste momento importante da luta dos povos indígenas e da Campanha da Fraternidade, em que a Igreja buscou somar forças na construção de uma terra sem males, fica o testemunho daquele que tanto lutou por esta causa.
Mais de 10 milhões de pessoas disseram não à Alca – Área de Livre Comércio das Américas. O resultado do plebiscito que foi organizado, entre outras entidades, pela CNBB- Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, foi divulgado no dia 17 de setembro para todo a imprensa, no auditório Nereu Ramos na Câmara do Deputados em Brasília.
Dom Franco Masserdotti, presidente do Cimi, esteve presente na coletiva. Segundo ele, o resultado significa muito para o povo brasileiro. Com relação à Base de Alcântara, Dom Franco acredita que é mais uma manobra dos Estados Unidos para dominar a Amazônia e a biodiversidade. "Realmente estou acompanhando de perto toda a problemática da Amazônia. Do ponto de vista da questão indígena, o medo é que a instalação da base militar de Alcântara venha fazer parte de um projeto de imperialismo no desejo de controlar a Amazônia ", concluiu.
O plebiscito contou também com a participação dos povos indígenas em todo o Brasil. Em Alagoas, desde o inicio, representantes indígenas estiveram presentes nos seminários regionais sobre a Alca. Foram organizados estudos nas comunidades dos povos, Geripankó, Kalankó, Karuazú, Katokin, Koiupanká, Xukuru Kariri e Karapotó. Em Santa Catarina, foi marcante também a participação dos povos Guarani e Xokleng. Durante a semana do plebiscito, várias urnas percorreram as aldeias recolhendo a opinião indígena. Em cada local de votação os povos não só depositavam o voto contrário ao acordo, como também registravam a indignação e a revolta com mais esta tentativa de colonização.
Ao que parece, se depender dos povos indígenas o governo brasileiro não irá assinar este acordo. Para José Benite, cacique Guarani da Aldeia Massiambu, em Santa Catarina, a assinatura do acordo representa uma segunda invasão do Brasil.
Brasília, 19 de setembro de 2002.
Cimi - Conselho Indigenista Missionário
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