Informe n.º 518


Professores e missionários se reúnem para definir rumos para a educação indígena no Brasil

Cerca de 100 professores indígenas e 20 missionários do Cimi de todo o país estão reunidos no Centro de Formação Vicente Cañas, em Luziânia, Goiás, município vizinho de Brasília, para socializar experiências indígenas de escola e discutir os rumos da educação indígena no Brasil, com vistas a reafirmar a autonomia e o protaganismo dos povos indígenas. O encontro, iniciado nessa quarta-feira, com encerramento previsto para o próximo domingo, 30, foi organizado pela Articulação Nacional de Educação do Cimi (ANE) com o lema "A educação na construção da Terra sem Males".

Estão presentes desde professores que participaram de diferentes processos de formação, como os representantes dos Yanomami e Myky, de pouco contato com a sociedade envolvente, e professores de nível universitário. Coerentes com a visão de que a atividade escolar não pode ser isolada do contexto social mais amplo, os organizadores do encontro convidaram também lideranças políticas indígenas e representantes da Comissão Pós-Conferência, criada para dar andamento às decisões da Conferência Indígena 2000.

É grande o número de professores recém-formados, todos com a consciência de que são fruto da luta de muitas lideranças que, inclusive, já deram sua vida pela causa indígena.

De acordo com os organizadores, as manhãs serão dedicadas aos debates de temas gerais, em mesas redondas, incluindo painéis sobre as pedagogias e o cotidiano das escolas indígenas, os processos de formação dos professores, as limitações da legislação e das políticas públicas em relação à educação escolar indígena. As tardes foram reservadas, prioritariamente, para que os participantes possam socializar as experiências locais numa espécie de feira de troca. À noite, os professores terão a oportunidade de apresentar músicas, danças e outras manifestações culturais de seus povos.

Um dos objetivos do encontro é estudar o capítulo sobre educação indígena proposto pela Assembléia Nacional Indígena, que se realizou em abril de 2001 e levantar sugestões para o capítulo da educação indígena do projeto do Estatuto dos Povos Indígenas que está em tramitação na Câmara dos Deputados.


Kaingang bloqueiam estrada para exigir cumprimento de acordo com a Funai

Na manhã da terça-feira passada, 25, os Kaingang da comunidade indígena de Votouro bloquearam a estrada que liga os municípios de Faxinalzinho e Benjamin Constant do Sul, no Rio de Grande do Sul, em protesto contra a Funai. Em abril, líderes dessa comunidade estiveram em Brasília e obtiveram do órgão indigenista oficial o compromisso da criação de um grupo de trabalho para dar início ao processo de revisão de divisas de sua terra. Como a Funai não cumpriu o acordo até agora, os Kaingang resolveram fechar a estrada para chamar a atenção sobre os graves problemas que estão enfrentando no exíguo espaço de terra que ocupam.

Os índios afirmam que as atuais divisas da terra Votouro não correspondem às reais dimensões de seu território tradicional. Além disso, o rápido crescimento demográfico da comunidade fez com que a parte demarcada de sua terra se tornasse insuficiente para que seus habitantes mantenham o seu modo de vida tradicional, um direito assegurado pela Constituição do Brasil.

Os líderes dos Kaingang informaram que estão abertos à negociação. Para isso, exigem a presença na cidade de Passo Fundo, próxima a Votouro, de um representante da Funai de Brasília. Eles dizem que só depois de um novo acordo vão liberar a estrada bloqueada, que passa pelo interior de sua terra.

Brasília, 27 de junho de 2002.
Cimi - Conselho Indigenista Missionário




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