Informe n.º 512


Xukuru ocupam fazendas do homen que mandou matar Xicão

O povo Xukuru, do agreste pernambucano, ocupou esta semana várias terras do fazendeiro José Cordeiro de Santana, conhecido como Zé de Riva, que foi preso pela Polícia Federal no dia 9 de maio, na cidade de Pesqueira, sob a acusação de ser o mandante dos assassinos do cacique Xicão Xukuru, morto em maio de 1998. Os índios ocuparam também fazendas do casal Antônio Carlos Pinto Vasconcelos e Quitéria Vasconcelos, um dos maiores inimigos dos Xukuru na região.

As ações dos Xukuru têm o objetivo tomar conta de sua terra demarcada, mas que continuam invadidas por fazendeiros, exigir a punição exemplar dos envolvidos no assassinato de Xicão e de pressionar a Funai para liberar o restante das indenizações de benfeitorias às famílias que ocuparam as terras indígenas de boa fé. O órgão indigenista oficial prometeu conseguir os recursos para pagar as indenizações, mas está protelando a liberação da verba.

O assassinato de Xicão não esmoreceu a luta dos Xukuru. Eles continuaram a promover mobilizações e retomadas de terras, obrigando a Funai a iniciar a retirada dos invasores, e o governo, no ano passado, a homologar a demarcação de sua terra.

Os Xukuru consideram que a prisão de Zé de Riva e de dois dos pistoleiros envolvidos no assassinato de Xicão foi um passo importante na elucidação do crime, mas acreditam que outros fazendeiros participaram do caso, interessados que estavam em impedir a continuidade do processo de demarcação da terra indígena Xukuru. Ainda assim, os índios ainda estão apreensivos com a possibilidade da volta da violência, porque vários de seus líderes continuam sendo ameaçados de morte, entre os quais, o cacique Marcos Luidson de Araújo, o vice-cacique Zé da Santa), a viúva de Xicão, Zenilda Maria de Araújo, o presidente da Associação Indígena Xukuru do Ororubá, Antônio Pereira de Araújo, e o pajé Pedro Rodrigues Bispo.

Apelo ao presidente Fernando Henrique em favor dos Guarani-Kaiowá

No último dia 9 de maio, os participantes do IV Encontro de Teologia Índia, realizado em Assunção, Paraguai, encaminharam uma carta ao presidente Fernando Henrique Cardoso exigindo providências imediatas para "pôr fim ao cenário de violência, desespero e suicídio" que atinge o povo Guarani-Kaiowá do Mato Grosso do Sul. Eles disseram que a medida mais urgente é o aumento das terras desse povo, cujas comunidades estão confinadas em pequenos terrenos, o que impede que esse povo viva conforme a sua organização social e seus costumes, um direito assegurado pela Constituição Federal.

Os mais de 170 signatários da carta destacaram a situação dramática da comunidade do Cerro Marangatu, que novamente está na eminência de ser expulsa de sua terra tradicional, e a de Yvykatú, Porto Lindo, município de Japorá (MS). Pediram também providências urgentes para os 9 mil moradores da Terra Indígena Dourados, confinados em apenas 3.700 hectares. E, além disso, pelos menos outras 19 terras dos Guarani-Kaiowá precisam de demarcação urgente.

"Advertimos, outrossim, que o seu Governo poderá ser responsabilizado pelos povos indígenas do Continente, em fóruns internacionais, de omissão e culpa pelas violências e mortes que vierem ocorrer com os Guarani-Kaiowá", escreveram ao presidente Fernando Henrique Cardoso.

Assinam o documento representantes de 44 povos indígenas do continente americano, bispos da Igreja Católica e Metodista, pastores e irmãos evangélicos, religiosos, missionários, teólogos e representantes de vários países da Europa.

Brasília, 16 de maio de 2002.
Cimi - Conselho Indigenista Missionário




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