Informe n.º 507


Quatro anos depois, Polícia Federal desvenda assassinato de Xicão Xukuru

No dia 4 de abril, a Polícia Federal prendeu Rivaldo Cavalcante de Siqueira, um dos envolvidos no assassinato do líder indígena Francisco de Assis Araújo, o Xicão Xukuru, ocorrido em 20 de maio de 1998 em Pesqueira, Pernambuco. Conhecido como Riva de Alceu, o preso foi o intermediário entre os mandantes do crime e o seu executor, o pistoleiro José Libório, que teria recebido R$ 10 mil pela macabra tarefa. Segundo a polícia, Libório teria sido morto no Maranhão. As autoridades policiais não divulgaram os nomes dos mandantes, que seriam fazendeiros da região de Pesqueira, sob a alegação de que eles poderiam fugir antes da conclusão do inquérito.

Com essa prisão, a Polícia Federal desvendou, quatro anos depois, um crime que chocou a opinião pública nacional e internacional. Xicão Xukuru era o maior articulador dos povos indígenas do Nordeste e provocou a ira dos latifundiários de Pernambuco ao conquistar a demarcação da Terra Indígena Xukuru, localizada em terras nobres do agreste pernambucano, e homologada pelo governo federal no ano passado.

Logo após o assassinato, a polícia trabalhava com a hipótese de que o crime teria tido motivações passionais ou teria sido resultado de disputas entre os próprios Xukuru. Graças, porém, ao trabalho de entidades indigenistas e das pressões da Comissão de Direitos Humanos da ONU sobre o governo brasileiro, o inquérito policial tomou outro rumo e passou a reconhecer a evidência de que o assassinato está relacionado com a disputa fundiária. Também fazem parte desse contexto, em que os grandes fazendeiros da região do agreste pernambuco procuram desarticular o movimento indígena, os assassinatos de José Everaldo Xukuru, filho do pajé Pedro Rodrigues, em 1992; do advogado da Funai Geraldo Rolim, em 1995; e de Chico Quelé Xukuru, em agosto do ano passado.

É preciso que a polícia divulgue o mais rapidamente possível o nome dos mandantes da morte de Xicão Xukuru e que esclareça o assassinato de Chico Quelé, para que se evitem novas violências contra os Xukuru. Neste momento, cinco lideranças daquele povo encontram-se ameaçados de morte. São eles o cacique Marcos Luidson de Araújo, o vice-cacique José Barbosa dos Santos, o pajé José Rodrigues Bispo, a viúva de Xikão Xukuru, Zenilda Maria de Araújo e o presidente da Associação do Povo Xukuru, Antônio Pereira de Araújo.

Cimi solidariza-se com o povo palestino

Paulo Suess, assessor teológico do Conselho Indigenista Missionário, viajou esta semana com uma delegação brasileira para Israel e a Palestina com o objetivo de expressar a solidariedade da entidade ao povo palestino, que está sofrendo uma brutal invasão e agressão das forças armadas israelenses. Suess levou uma mensagem assinada pelo presidente do Cimi, Dom Franco Masserdotti, e pelo secretário executivo, Egon Heck. Entre outros, integram a delegação os deputados Milton Temer (PT-RJ), Hélio Costa (PMDB-MG) e Antônio Carlos Pannunzio (PSDB-SP) e o jornalista José Arbex, do Comitê Organizador do Fórum Social Mundial.

Junto com outros observadores internacionais, os brasileiros tentarão se encontrar com o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Yasser Arafat, que ficou confinado nas últimas duas semanas, quase sem água e comida, no que sobrou de seu escritório na cidade de Ramala, depois que foi atacado por tanques do exército israelense. O brasileiro Mário Lill, do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, encontra-se na companhia de Arafat e já se comunicou por telefone com a delegação brasileira, informando que só pretende deixar o local quando o próprio Arafat for liberado pelo governo de Israel.

Brasília, 11 de abril de 2002.
Cimi - Conselho Indigenista Missionário




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