Informe n.º 498 |
Lideranças indígenas dos povos Macuxi, Wapixana, Taurepang, Ingarikó, Pantamona e Yanomami estarão reunidos durante esta semana na Assembléia Geral dos Tuxauas, organizada pelo Conselho Indígena de Roraima (CIR). A assembléia acontece na maloca do Pium, a 80 km de Boa Vista. Este ano os direitos humanos e os direitos territoriais deverão dominar a pauta de discussão, a exemplo de temas polêmicos como a presença militar em áreas indígenas e os grandes projetos.
A construção de quartéis, os chamados "Pelotões de Fronteira", previstos no Programa Calha Norte e os direitos humanos foram eixos de debate no primeiro dia. O tema ganhou força após a iniciativa do Exército em construir no município de Uiramutã, dentro da terra indígena Raposa/Serra do Sol, o 6º Pelotão Especial de Fronteira, sem o consentimento dos índios. O CIR chegou a mover uma ação contra a construção do quartel, mas teve a liminar suspensa. O Exército está implementando a obra e a prefeitura de Uiramutã, município criado ilegalmente dentro da terra indígena, faz planos para povoar a área em volta do PEF. O CIR entende que o quartel é mais uma forma de invasão da terra indígena e defendeu este ponto de vista na assembléia. O debates incluíram ainda os temas sobre direito territorial dos povos indígenas com enfoque na situação jurídica das áreas, nas unidades de conservação em terras indígenas e grandes projetos. A assembléia debate também a saúde, a educação, autosustentação e eleições, que devem ocorrer este ano.
Os Guarani e Kaiová resistem na retomada do Cerro Marangatu, no município de Antônio João, estado do Mato Grosso do Sul. Na terça-feira, 5, o juiz Aricê Amaral, desembargador relator do Tribunal Regional Federal (TRF), em São Paulo, decidiu ampliar por mais 30 dias a permanência da comunidade indígena na área retomada. A decisão atendeu a pedido do Ministério Público Federal e da Funai. Preocupada com a tensão no local, a Arquidiocese de Campo Grande, da Igreja Católica, convidou entidades de direitos humanos, Ongs e representantes do governo estadual para debater a questão. Ao final do encontro será redigida uma carta ao Ministério da Justiça, em apoio à permanência dos índios. Os Kaiová querem retomar a posse do tekohá Cerro Marangatu, de onde foram expulsos na década de 50 pelo fazendeiro Pio Silva, pai do prefeito de Antônio João, Dárcio Queiroz.
A conferência "Povos Indígenas", no dia 2 de fevereiro, foi uma das mais concorridas do Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Em torno de duas mil pessoas assistiram e debateram o tema que tratou sobre políticas indigenistas oficiais e direitos indígenas. As lideranças indígenas Dionito Macuxi e Aurivan dos Santos Truká participaram como expositores. Para o secretário executivo do Cimi, que participou do debate, foi um excelente momento para expor a concepção dos povos indígenas baseada num Estado plurinacional, pluricultural e multilinguístico. A delegação indígena apresentou propostas que foram entregues à coordenação do Fórum que, entre outros pontos, exigiam a construção de uma nova forma de relação com os Estados e seus governos baseado na coexistência fundadas no respeito à livre determinação, à diversidade social, cultural, espiritual, lingüística, e no ordenamento jurídico, territorial e organizativo entre Nações e Povos Indígenas e entre estes e os Estados.
Brasília, 7 de Fevereiro de 2002
Cimi - Conselho Indigenista Missionário
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